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Acerto de contas (+18)

  • piluladepoesia
  • 31 de mai. de 2020
  • 5 min de leitura

Atualizado: 18 de mar. de 2021

Por anos eu esperei. Meu eu adolescente não foi capaz de entender o que me escapava pelas mãos. Só quando eu a vi partir, só quando a vi aconchegada em outros braços foi que eu percebi a profundidade dos meus sentimentos. Me afoguei no trabalho, ansioso, observando das sombras, aguardando que alguém cometesse um deslize e eu tivesse a chance de tocá-la novamente. Tocá-la como nenhum outro, viciar o corpo dela no meu, de modo que ela tivesse que voltar várias vezes para a minha cama, para nunca mais perdê-la. Quando a notícia do término deles chegou, me acertou como uma brisa de verão: quente e cheia de promessas. Esperei que o luto passasse e a procurei. Ela também sentia minha falta, ainda se lembrava das tardes de sábado na varanda de sua casa, quando eu a empurrava contra a parede, colava as mãos vacilantes dentro da blusa para libertar seus seios e brincava com a boca em seus mamilos.


Mesmo essas lembranças juvenis das nossas aventuras adolescentes me enchiam de tesão, meu corpo inflava e endurecia ao lembrar de nós dois no baile de formatura, o corpo esguio dela contra o meu, os seios pequenos e firmes marcados contra um vestido colado, o calor da pele e da umidade entre as pernas dela me enlouquecendo. Marcamos um encontro, independente como sempre, ela não quis que eu a buscasse, nos encontraríamos em um bar no centro de Taguatinga para conversar...

Mal pude controlar as batidas desesperadas do meu coração quando ela entrou no bar, as pernas torneadas numa minissaia. Eu sempre adorei a cor da pele dela, assim no tom de cappuccino. Doce e entusiasmadamente, conversamos como se o tempo não tivesse passado, de tempos em tempos, eu admirava o corpo dela, devorando com os olhos, cobiçando. Ela percebia, entre um gole e outro de cerveja, me dava sorrisos sugestivos, mordendo os lábios carnudos e vermelhos. Não resisto e a beijo, suave, molhada e demoradamente. Pagamos a conta. Eu não bebi, pego o carro, quero tê-la só para mim. Instintivamente, minha mão pousa sobre a coxa dela, minha pele contra a dela, a maciez daquele corpo... por um segundo me distraio da direção.


Chegamos ao motel, pego as chaves e estaciono o carro. Ela sobe as escadas para o quarto rebolando, me provocando, sabe que estou olhando para ela e vai usar isso a seu favor. Uma vez dentro do quarto, não perco um segundo e a encosto contra a parede, firme, mas delicadamente. Nosso beijo ganha força, cheio de promessas, minhas mãos passeiam pelo corpo dela, explorando cada curva, apertando os seios, a bunda, ela se encaixa nas minhas mãos, responde ao meu toque. Enfio uma das mãos por baixo da saia. CARALHO. A calcinha está completamente encharcada. Eu a desloco para o lado direito e começo a brincar com os dedos por ali, sentindo a lubrificação e o calor dela. Colho um pouco da umidade com a ponta dos dedos e a uso para lubrificar o clitóris, dando voltas com os dedos, suavemente, enquanto ela se agarra à gola da minha camisa, cravando as unhas em qualquer pedaço de pele que possa achar, gemendo no meu ouvido.


Paro e, por um segundo, nossos olhos se encontram, levo os dedos a boca e sugo com vontade, sentindo o sabor picante e feminino do prazer. Os olhos dela escurecem mais, eles sempre foram de um castanho impenetrável, mas agora, com as pupilas dilatadas de tesão, estão negros, desejosos. Ela tira a blusa, observo a suavidade do vale dos seus seios. Hipnotizado, me dirijo para a abertura do sutiã e o abro com facilidade. Ela tem cheiro de banho recém-tomado e o hálito ainda guarda resquícios da cerveja de mais cedo, é inebriante. Tiro minha própria camisa antes de enterrar o rosto nos seios dela, me perdendo na maciez e no cheiro daquele corpo, chupando os mamilos e mordendo delicadamente, ouvindo os sons de satisfação que escapam dela. Minha calça jeans já está extremamente desconfortável.

Não consigo segurar a ereção. Ela parece ler minha mente e, em um rápido movimento, desfaz o botão da minha calça, com firmeza, segurando o cós e a cueca, desce se ajoelhando, puxando minhas roupas junto, os olhos sempre nos meus, me desafiando. Ela brinca comigo. Morde a virilha delicadamente, suga os testículos com suavidade e então sobe com a língua por toda a minha extensão, medindo a minha reação. Por um segundo, que pareceu uma eternidade, ela paira sobre mim, os olhos negros e, então, me toma inteiro em sua boca. Ela massageia toda a extensão, me enlouquecendo com os movimentos da língua, me recebendo em sua garganta. Estou tão perto... mas não esperei todos esses anos pela minha satisfação, é a dela que interessa, eu tenho que viciá-la em mim, fazer com o corpo dela coisas que ninguém fez, deixá-la completamente drenada de prazer. Esse pensamento resgata um pouco da minha sanidade e eu decido virar o jogo.

Enterro as mãos no cabelo escuro dela e a puxo para cima, firme, mas suavemente. Ela protesta.


– Eu quero te fazer gozar...


– Caladinha. Vamos terminar de tirar essas roupas.


Tiro a saia dela e termino de me livrar das minhas roupas. Ainda contra a parede, me ponho de joelhos na frente dela: é a minha vez. Me enterro no calor dela, chupando o clitóris com delicadeza e insinuando minha língua para dentro, acariciando cada reentrância, saboreando devagar. Ela grita. Sinto suas pernas perderem firmeza.


– Ah! Por favor...


Eu quero provocá-la...


– Por favor, o quê?


– Não tenho força nas pernas para gozar assim...


Rapidamente, me levanto, a pego nos braços e jogo na cama. Ela acha que vai ter uma trégua, mas eu não pretendo ter esse tipo de misericórdia, então, novamente, enterro meu rosto nela, circulando o clitóris com a língua enquanto enfio os dedos o mais fundo que consigo, acariciando a parede frontal do sexo dela. Sinto-a começar a se contrair e sinto as ondulações do clímax na minha boca e nos meus dedos. Ela grita quando goza, mas não vou lhe dar tempo de se recuperar. Tão rápido quanto consigo, desenrolo uma camisinha pela ereção, enquanto ela me olha, gulosa. Penetro. PORRA.

Ela é apertada e quente, começo a suar.


– Mais rápido...


Ela pede, quase como um sussurro. Eu começo a me mexer. Dentro e fora. Para frente e para trás. Com força, fazendo questão de me esfregar na parede frontal do sexo dela, fazendo-a gemer todas as vezes que encontro o lugar certo. Ela abre os olhos e prende o olhar no meu: está selvagem, com uma força impressionante, me empurra e sobe em cima de mim. Cavalgando, descendo e subindo desesperadamente, me olhando nos olhos enquanto declara profanações com um sorriso delicioso no rosto. Eu não aguento. Seguro firmemente a cintura dela para que pare e começo a me mexer para cima, para preencher o corpo dela com o meu com estocadas cada vez mais altas e profundas. Ela pragueja e morde meu pescoço. Sinto meu clímax chegar e me derramo dentro dela: amor e devoção quentes e espessos. Sinto-a espiralar em agonia ao meu redor quando goza também: juntos, como deve ser. Ela desaba sobre o meu peito, a pele cor de cappuccino brilhando de suor: ela é o sol. Tiro seus cabelos do rosto para olhar para ela: as pupilas dilatadas, as bochechas vermelhas e um sorriso quase inocente nos lábios. Eu a amo. Com um beijo suave, selo nosso contrato profano. Ela é minha e eu sou dela, para sempre dessa vez.

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Foto: reprodução/Canva

 
 
 

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