Maçã verde (+18)
- piluladepoesia
- 6 de mai. de 2021
- 5 min de leitura
A sede me fez despertar, minha boca estava seca, mas ainda conservava o gosto da pasta de dente, então, eu devia ter dormido apenas umas três ou quatro horas. Pouco a pouco, fui me dando conta do ambiente: a luz do dia se infiltrava pelas frestas da persiana branca, um cheiro doce de fruta preenchia o quarto, as mãos e pernas dele estavam ao meu redor em um abraço que fundia nossos corpos no calor convidativo da intimidade. Envolvendo-me com carinho, Guilherme respirava de maneira serena, devia estar meio desperto, porque abriu os enormes olhos de jabuticaba para mim. Com um sorriso meigo, me puxou para seu peito desnudo e me deu um beijo na testa. Gradativamente, as memórias da noite anterior foram voltando.
Guilherme havia me chamado para uma reunião na casa dele, pouca gente e cervejas, nada demais. A empresa que ele abriu junto com os amigos tinha fechado um grande negócio e todos queriam comemorar. Nós dois já tínhamos saído algumas vezes, mas agora era para valer, como íamos beber, fui preparada para dormir lá. Foi uma noite muito divertida: bebemos, cantamos e depois tentamos copiar coreografias de clipes de música pop. Lá pelas tantas, Guilherme pousou a mão quente sobre o meu ombro – desencadeando calafrios de desejo por todo meu corpo – e me chamou para o jardim. Sentamos na grama, perto de alguns arbustos com flores vermelhas. Ele abriu um vaper, botou essência de maçã verde dentro, e eu fiquei lá, observando as estrelas e sentindo o cheiro doce da fumaça.
– Você acha que estamos sozinhos?
Minha expressão confusa motivou uma explicação:
– Tipo, no universo. Você acha que só tem a gente? Eu gosto de pensar nisso quando observo as estrelas.
Eu apoiei a cabeça no ombro dele, inalando o perfume de seu pescoço, o que me impediu de pensar claramente por um segundo.
– Não. Em um universo infinito com milhares de planetas orbitando centenas de estrelas, eu acho que seria arrogância na nossa parte imaginarmos que somos os filhos únicos do cosmos.
Ele baforou o vaper mais uma vez e me encarou por um segundo, seus olhos escuros refletindo as luzes do céu noturno. O universo para mim, pensei naquele momento, era ele.
– Você sempre fala coisas tão bonitas.
– Com você me sinto confortável para isso.
Nós dois gargalhamos alto e ele passou o braço ao redor da minha cintura, mas tudo isso tinha acontecido ontem, agora eu estava só de calcinha sobre o peito dele, perdida na doçura de seus olhos de jabuticaba, inebriada pelo cheiro da essência de maçã verde do vaper que jazia sobre a mesa de cabeceira e excitada. Muito, muito excitada mesmo! Guilherme delineou os contornos do meu ombro com delicadeza e, depois de puxar a coberta de cima de mim, passou um tempo cobiçando minha bunda.
– Eu adorei essa calcinha de renda.
Disse, imitando uma expressão inocente, enquanto me acariciava por cima do tecido fino. De repente, ele agarra ambas as nádegas com força e aperta, jogando mais lenha na fogueira da minha excitação. Ele deve ter percebido toda aquela umidade, porque a próxima coisa que faz é me beijar sofregamente, ainda apertando a minha bunda. Quando paramos, minha respiração está entrecortada e o coração de Guilherme, em ritmo desesperado. Nos encaramos por um segundo até que ele crava os dentes com força no meu ombro esquerdo. Solto um ruído entre desejo e protesto, sentindo os lábios dele se esticarem sobre a minha pele em um sorriso brincalhão.
– Eu ouvi dizer que dor de mordida passa com beijo, mas eu tenho que dar em um lugar especial.
O tom dele é zombeteiro e eu adoro, então, decido entrar na brincadeira.
– Ah, é? Onde exatamente?
Ele abre um sorriso brilhante como uma manhã de natal e agarra meus seios com as mãos, juntando-os e lambendo os dois mamilos ao mesmo tempo. Meus gemidos o encorajam e ele começa a sugar um mamilo de cada vez, com calma para me torturar. Eu o sinto endurecer abaixo de mim, então, ajusto a posição e coloco uma perna de cada lado, para poder me esfregar contra ele. Vou para frente para trás, movimentando o quadril por toda extensão, sentindo pequenos choques de prazer quando meu clitóris é empurrado sobre a superfície rígida da excitação daquele homem. Minha calcinha já está encharcada. De repente, Guilherme inverte nossas posições, se colocando por cima de mim para beijar meu pescoço. Ele ainda cheira ao perfume de ontem, é amadeirado e masculino. Enquanto todo meu corpo se arrepia com a sensação da barba contra meu pescoço, Guilherme me apalpa, percorrendo todo o caminho dos seios até a barriga. Ele leva os dedos da mão direita à boca, depois, ao meu sexo pulsante de desejo e usa os dedos lubrificados para brincar comigo, sinto minhas pernas tremerem e explodo em um orgasmo, mas ele não para. Dessa vez, colhe minha própria lubrificação e recomeça a esfregar o clitóris já sensível. Me entrego completamente, mas Guilherme muda de tática e insere dois dedos em mim, movimentando-os para frente e para trás. O prazer é tão intenso que temo estar delirando. Quando minhas pernas começam a tremer novamente, ele sabe que estou quase lá e me beija, capturando, direto da minha garganta, o grito agudo que acompanhou aquele clímax.
Minha lubrificação escorre pela cama e isso parece deixa-lo feliz, porque ele trava os olhos escuros nos meus e diz sem pudor algum:
– Eu vou foder você agora...
Um som de apreciação escapa da minha garganta e ele sai de cima de mim para pegar um preservativo. Quando volta, já estou posicionada sobre meus joelhos e palmas das mãos. Guilherme acaricia minha bunda com verdadeira admiração e brinca um pouco na entrada do meu sexo antes de me penetrar por completo. Eu o sinto no fundo do meu ser, se movendo para frente e para trás, acertando o lugar mais sensível. Ele segura meu cabelo com força e começa a dar estocadas mais profundas, me deixando cada vez mais perto.
Guilherme solta meu cabelo e se deita, a ausência do calor dele é frustrante, mas eu entendo o recado e me sento sobre ele, recebendo completo e rígido em meu interior. Eu uso os joelhos para ir para cima e para baixo, apertando-o dentro de mim conforme as pulsações do meu orgasmo começam a tomar conta de mim. Guilherme segura minha cintura e começa a guiar, dando mais força na descida e mais velocidade na subida. Eu o ouço pedir:
– Senta em mim até eu g*zar em você...
Aquelas palavras são a minha perdição e eu g*zo, desabando sobre o peito dele e o beijando desesperadamente. Um segundo depois, sinto o membro dele pulsar e se derramar dentro de mim em jatos de prazer. Guilherme suspira e eu lhe mordo o ombro, deixando marcas de dente em sua pele morena.
– Vingança!
Digo em tom zombeteiro.
Ele encosta a testa na minha e, quando nossos olhos se encontram, iluminados apenas pela luz que escapa da persiana, gargalhamos juntos. Aquele momento é mais brilhante do que as estrelas que observamos ontem no quintal e, na fração da eternidade que o tempo nos deu naquele riso, todo o universo caberia naquele quarto.

Imagem: reprodução / Pinterest. Disponível em: <https://pin.it/4pfjK6b>
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