Caipirinha da fazenda (+18)
- piluladepoesia
- 17 de set. de 2020
- 5 min de leitura
Naquela sexta-feira, quando saí da aula, me perguntei mentalmente como pude ter sido ingênua a ponto de acreditar que conseguiria fazer uma pós-graduação, trabalhar e manter a sanidade mental ao mesmo tempo. Tentando me conformar com a situação, começo a organizar minha bolsa, até que um barulho metálico me faz lembrar da chave do apartamento de Cauã e, a partir daquele momento, eu só conseguia pensar em abusar da hospitalidade do meu namorado, afinal de contas, se fosse para casa, passaria pelo menos quarenta minutos no metrô, mas, se fosse para o apartamento de Cauã, levaria dez no máximo. Tomei minha decisão e puxei o celular para avisar:
“Vou passar no seu apê para tomar um banho! Te amo!”
Após apenas dez minutos, eu já tinha colocado minha mochila pesada no sofá verde de Cauã e tomado um banho rápido. Me sentindo revigorada, decidi começar a escrever uma resenha que seria entregue na próxima semana, mas, com o passar dos minutos, fui passando de revigorada a sonolenta e senti meus olhos se fecharem em frente ao computador. Meus sentidos foram voltando um a um: primeiro, senti as pernas dormentes por ter cochilado sentada, depois, a sensação de frio provocada pela superfície estéril da mesa, algumas gotas de água, também, pareciam cair na minha nuca e mãos grandes tentavam passar por baixo de mim. Acordei em um sobressalto e dei de cara com Cauã, recém-saído do banho e com os cabelos molhados.
– Eu ia te botar na cama...
Disse ele de maneira doce, me dando um beijinho.
– Eu vesti uma camisa sua para ficar mais confortável, espero que não se importe...
– Eu acho que ficou melhor em você do que em mim.
Eu dou um sorriso cheio de dentes e ele me pergunta se quero uma caipirinha. Em uma sexta-feira cansativa como essa, eu teria que ser DOIDA para dizer “não”. Cauã tem uma receita de caipirinha imbatível que está na família há anos, ele aprendeu na fazenda dos avós e até hoje faz sucesso nas festas. Enquanto ele pega dois frascos de vidro de azeitona e coloca os ingredientes dentro, relaxo contra o veludo verde do sofá, me lembrando da primeira vez que ele fez essa caipirinha para mim e, na ocasião, eu tinha estranhado os potes de azeitona, mas era tradição beber assim na fazenda e, honestamente, acrescenta certo charme ao drink.
Cauã volta com as caipirinhas prontas e me entrega um dos potes de azeitona, eu bebo do gargalo sentindo o doce do açúcar contrastar com o azedinho do limão, a quantidade generosa de cachaça é compensada pelo gelo, resultando em uma sensação refrescante e revigorante ao mesmo tempo. Bebemos e conversamos sobre o dia, mas, quando chegamos ao fundo dos potes de azeitona, algo pareceu mudar entre nós. Cauã me beija, não com a doçura de mais cedo, mas com fome e necessidade. Ele enfia as mãos no meu cabelo e me puxa para o seu colo, acariciando minhas costas por dentro da blusa folgada e explorando minha boca com a língua, invadindo meu mundo e deixando tudo com o gosto inebriante da caipirinha da fazenda.
Cauã puxa a camisa que eu estou vestindo e a descarta no chão, agora estou apenas de calcinha no colo dele. Passando meus braços ao redor de seu pescoço, eu o beijo, derramando minha alma no gesto e, um segundo depois, me coloco de joelhos na frente dele. Me sinto inebriada, não pela bebida, mas pela paixão. Abro o zíper da calça de Cauã e puxo toda a roupa que cobria a parte de baixo do corpo dele, livre e excitado, ele me olha com desejo quando eu começo a fazer um coque no cabelo.
– Deixa que eu seguro o seu cabelo, é o mínimo que eu posso fazer...
Ele diz querendo parecer prestativo, mas a lascívia em sua voz deixa o momento íntimo. Soltando uma gargalhada, eu me abaixo para tomá-lo em minha boca. Cauã solta um gemido do fundo de seu ser quando o recebo na garganta, ele apenas segura meu cabelo, eu conduzo a brincadeira no meu próprio ritmo, recebendo-o com entusiasmo e massageando o caminho com a língua. De repente, o aperto no meu cabelo se intensifica e me sinto ser puxada para cima. Cauã me guia, ainda segurando o cabelo, até que eu esteja com as mãos no encosto e os joelhos apoiados nas almofadas do sofá, ele, então, se posiciona atrás de mim e começa a retirar a calcinha, quando ela fica pendurada nos meus pés, Cauã se abaixa e começa a me chup*r. Ele me abre com uma mão e faz uma leve pressão na entrada encharcada, bem quando eu acho que sua língua vai entrar em mim, ela sobe e acaricia todos os lugares sensíveis do meu sexo. O orgasmo que toma conta do meu ser parece fazer o mundo tremer, eu grito e me agarro convulsivamente ao encosto do sofá, enterrando as unhas no veludo verde. A intensidade do prazer se apodera de mim de maneira tão arrebatadora, que eu quase nem sinto quando Cauã me carrega para a cama.
Pousando-me delicadamente sobre o lençol, ele massageia meu pescoço até que eu volte completamente para a realidade, quando abro os olhos e nossos olhares se cruzam, parece a explosão de milhares de fogos de artifício, o carinho e o tesão dele por mim transparecem e brilham em suas íris e pupilas dilatadas, é como o réveillon em Copacabana. Me beijando com intensidade, Cauã levanta minhas pernas e as coloca nos ombros, em seguida, me penetra lentamente, quase como um ritual de adoração. Estudando minhas reações e percebendo o prazer em minha face, ele acelera o movimento e começa um vai e vem frenético que arranca gemidos de nós dois. Sinto-o me preencher, rígido e quente, chegando até o fundo e voltando inteiro, me fazendo goz*r, de novo e de novo, numa sequência impiedosa que parece não ter fim.
Novamente, Cauã espera que eu me recupere, acariciando meus cabelos dessa vez, ainda de olhos fechados, eu o escuto sussurrar:
– Eu ADORO te ver goz*r!
Aquelas palavras fazem as forças voltarem de uma vez para o meu corpo, sentando-me de supetão, eu o encaro profundamente e digo:
– E eu adoro te fazer goz*r.
Antes que ele consiga reagir, eu o tomo na boca e começo um movimento constante de subida e descida, em poucos minutos, Cauã goz* na minha boca com um grunhido alto, caindo na cama, sorvendo o ar para se recuperar. Quando seus batimentos e respiração voltam ao normal, ele me abraça, anunciando que vai pedir comida para nós, abre o celular e começa a zapear por um aplicativo de delivery.
– Aqui! Perfeito! Menu degustação do restaurante: QUATRO hambúrgueres porque você sugou todas as minhas forças, sua súcubos!
– É muita audácia da sua parte dizer uma coisa dessas quando eu que quase desmaiei DUAS vezes! Você que é um íncubos!
Ele ri e me abraça, nossas testas se encostam e, naquele momento, nossas almas parecem se unir, meu coração se preenche com a presença dele que, gargalhando, me pergunta entre beijos:
– Será que caipirinha harmoniza com hambúrguer?
Nota da autora: íncubos e súcubos são seres demoníacos de diversas tradições culturais que buscam mulheres e homens para sugar suas energias vitais através do ato sexual, sendo, respectivamente, o íncubos do gênero masculino e a súcubos do gênero feminino.

Arte: Eromática (@eromaticax). Reprodução / Instagram. disponível em: < https://www.instagram.com/p/BYRVqrdgIRm/?igshid=vd7fo82bn3gh >
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