Respiração entrecortada (+18)
- piluladepoesia
- 23 de mai. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 11 de mar. de 2021
Ele estava lá, olhando para mim como se eu fosse uma presa e o pior era que eu gostava. Desde o dia que nos conhecemos, desde o primeiro segundo que colocamos os olhos um no outro, ele me olha como se estivesse me caçando e eu olho para ele do mesmo jeito. Somos lobos, os dois famintos, insaciáveis, selvagens e indomáveis.
Ele me pediu para encontrá-lo em um restaurante perto do centro naquela noite, tinha tido um dia difícil, queria conversar. São raros os momentos em que ele baixa a guarda e me permite ver um pedacinho enevoado da sua alma confusa e gosto do som da voz dele, então, eu fui. Seu rosto impenetrável narrou os acontecimentos do dia, a frustração com o trabalho. Os olhos dele são as únicas falhas na armadura impenetrável daquele rosto bonito, de vez em quando, eles deixam transparecer um pouco de afeto, um pouco de dor e um pouco de suscetibilidade. Todas as vezes que ele olha para mim, seus olhos castanhos parecem brilhar com luxúria, mesmo que encoberta por outras coisas, lá no fundo, a luxúria me chama pelo nome e me aquece entre as pernas. Ele colocou a mão sobre a minha coxa e qualquer pensamento razoável que pudesse ter sobre aquele jantar desaparece, ele gosta de colocar a mão sobre minha coxa, é um sinal: “Eu quero você! Quero você agora!”
Eu me endireitei no banco, a mão dele sobre a pele da minha perna nua fez o meu interior umedecer, senti que meu vestido ia derreter de tanto calor e quando ele fez sinal para que o garçom trazer a conta, eu soube que a nossa noite estava apenas começando.
No apartamento, eu sinto o cheiro dele por todo lado, isso amplifica meu desejo, minha fome. Estou no ambiente dele e isso me excita. Ele me oferece uma taça de vinho tinto, enquanto despeja um pouco do líquido avermelhado em uma taça para si mesmo. Aceno com a cabeça para aceitar. O vinho me deixa mais corada, o calor no meu corpo se intensifica, mais umidade se acumula entre as minhas pernas enquanto o observo verter as últimas gotas púrpuras da sua própria taça. Ele levanta com os olhos fixos em mim e lá está: a luxúria, a lascívia. Sinto minhas pernas vacilarem quando a boca dele encosta na minha, suas mãos me apertando por todos os lados, puxando minha bunda para perto da ereção que já se insinua nos contornos da calça.
Ele beija meu pescoço e eu puxo os cabelos dele. Duas mãos trêmulas descem as alças do meu vestido para alcançar os seios e quando seus lábios quentes e úmidos alcançam meus mamilos, eu paro de pensar: ele chupa e lambe sem parar, enquanto eu desajeitadamente tento desatar o cinto dele. Ele se afasta dos meus seios momentaneamente para tirar a camisa, quando consegue, empurra meu corpo contra o balcão da cozinha e aperta a ereção mais forte contra mim. Consigo desatar o cinto, desfaço o botão dos jeans e enfio as mãos dentro da cueca, desse jeito posso puxar toda sua roupa enquanto desço até ficar de joelhos. O cheiro dele me dá água na boca, então eu respondo aos meus instintos e o engulo até a base.
“Não existe nada tão macio quanto a pele dele...”, penso enquanto minha língua percorre todo o comprimento, sentindo o gosto forte e masculino da sua excitação. Ele geme quando eu começo a subir e descer com boca, com movimentos constantes e muita pressão, eu sinto o tremor logo antes de ele se derramar espesso e quente na minha boca. Olho para cima, os olhos dele estão selvagens, aquilo não o saciou nem um pouco, apenas abriu as portas para as profundezas da sua depravação.
Ele enfia os dedos da mão direita delicadamente nos meus cabelos e me puxa até conseguir me beijar, a próxima coisa que sinto é meu corpo girando e um impulso para trás, caio com as costas no sofá, o vestido na altura da cintura, os seios à mostra, o sangue fervendo. Ele se ajoelha sobre o tapete felpudo, sei onde isso vai parar. Quando a língua dele encontra meu clitóris, eu sou só sensação e prazer. Ele suga e lambe por todos os lados, sinto meu interior se acelerar em pulsações cada vez mais descontroladas até que encontro o meu clímax. Ele levanta os olhos para mim, sorrindo satisfeito, e, se não me engano, um pouco orgulhoso. O cabelo desgrenhado lhe dá um ar selvagem e ele se levanta me puxando pelo braço para que eu me junte a ele na direção do quarto. Não sei o porquê de tanto esforço, eu resolveria nossas diferenças ali mesmo, no sofá.
Quando chegamos ao quarto, ele enfia a mão dentro do guarda-roupa e encontra uma camisinha, eu termino de arrancar o vestido que agora é só uma faixa em torno da cintura e me deito na cama com as pernas abertas. Ele gosta do que vê, um sorriso malicioso se forma em seus lábios, ele trata de desenrolar a camisinha pela ereção e vem direto para mim. Deixo que ele coloque o corpo todo sobre cama para me colocar sobre ele, quero ficar por cima, quero que ele me veja enquanto me fode. Monto nele e fico feliz em recebê-lo por inteiro dentro de mim. Essa primeira penetração, quando nossos corpos se conectam e eu o ouço gemer de satisfação, é minha sensação favorita no mundo. Começo a me mover para cima e para baixo com as mãos dele na minha cintura. É erótico, é prazer em todos os níveis que o meu corpo é capaz de suportar. Ele não se controla, começa a se mexer também e a próxima coisa que eu sei é que está por cima de mim, segurando meus cabelos, eu o ouço praguejar:
– Será que nunca vou me cansar de foder você?
– Eu espero que não.
Repondo entre os suspiros da minha respiração entrecortada. Sinto o corpo dele tremer, a respiração fica mais dificultosa enquanto ele se derrama dentro de mim, não posso evitar e ressoo os tremores dele, me perdendo no cheiro, no toque, na cama dele.

Foto: reprodução/Wix
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